JUSTIFICATIVA
A Escola
Eurico Queiroz desenvolveu este projeto consciente da extensa produção
bibliográfica sobre a relevância do teatro no processo educacional, visto que,
entre as artes, o teatro é a que exige do ser humano “o corpo, a fala, o
raciocínio e a emoção”, além de fortalecer a memória, regular o tom e efeito da
voz e pronúncia, promovendo a autoconfiança e habituando os jovens a não se
sentirem incomodados quando estiverem sendo observados.
Sabedora
de que a característica fundamental do homem é a imaginação dramática em sua
natureza, a EEQ defende a ideia de que a dramatização se inicia na infância,
quando a criança entra em contato com desconhecidos do mundo externo, jogando
com ele até poder compreendê-lo. Pode-se perceber nas brincadeiras populares
das crianças e nos jogos de faz de conta, elementos sensórios, ritmo, mimetismo
e representação dramática, nas quais o lúdico e a regra se confundem,
significando a gênese da atividade teatral.
Na vida
adulta o processo continua, só que de forma interna e quase automática, quando
se passa a jogar dramaticamente com a própria imaginação. O indivíduo é
protagonista do imaginário, despertando sua interioridade e favorecendo a
problematização do mundo real. Portanto, o teatro escolar oferece efeitos tanto
no espectador, quanto no ator, moldando pensamentos críticos e desenvolvendo a
imaginação.
OBJETIVOS
Formar um grupo permanente
de teatro com alunos da EEQ, visando a realização de apresentações teatrais
dentro e fora do ambiente escolar.
ESPECÍFICOS
·
Utilizar a arte teatral como forma de expressão
corporal;
·
Despertar o
gosto pela leitura e produção escrita de obras de dramaturgia;
·
Valorizar os
talentos artísticos existentes na escola;
·
Estabelecer parcerias com outras instituições
educativas e sociais.
ATIVIDADES
|
JUL
|
AGO
|
SET
|
OUT
|
NOV
|
DEZ
|
Elaboração do projeto pelas coordenadoras de
biblioteca, educadoras de Apoio, Professores de Língua Portuguesa e Artes e
Equipe Gestora.
|
X
|
|||||
Apresentação do projeto para os alunos dos três
turnos.
|
X
|
|||||
Realização de oficinas de teatro para os alunos.
|
X
|
|||||
Convite a atores do município para realizarem
palestras de incentivo à produção teatral na escola.
|
X
|
|||||
Busca de patrocínio em diversas instituições da
cidade.
|
X
|
|||||
Organização de apresentação teatral com obras de
artistas renomados ou dos próprios estudantes e educadores.
|
X
|
|||||
Participação do grupo de teatro da escola no
Festival de Leitura e Arte de Bezerros.
|
X
|
|||||
Apresentação de peças teatrais para a comunidade escolar
e local.
|
X
|
X
|
X
|
|||
Visitação do grupo de teatro em locais artísticos
e/ou literários.
|
X
|
|||||
Avaliação do projeto por toda a escola.
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
ABRANGÊNCIA DO TRABALHO
Este projeto tem
abrangência em todas as turmas da Escola, nos três turnos, envolvendo os
seguintes segmentos: Coordenadores de
biblioteca; coordenadores de CTE; educadores de apoio; equipe gestora;
auxiliares administrativos; professores de Língua Portuguesa e Artes; alunos do
Ensino Fundamental I e II, Médio, Normal Médio, EJA e cursos de aceleração; artistas
locais; pais; patrocinadores e comunidade.
CONTEÚDO TRABALHADO
1. Utilização da linguagem oral,
escrita e cênica como forma de expressar idéias, opiniões e saberes sobre
poesia;
2. Respeito e aceitação de
opiniões diferentes, comentando-as e/ou criticando-as quando surge a
necessidade;
3. Participação em pesquisas,
oficinas e atividades que objetivem a construção do gosto pela arte teatral;
4. Diferenciação das
características do gênero teatral de outros textos literários e não-literários;
5. Identificação da importância
da leitura para o desenvolvimento de competências e habilidades;
6. Pesquisa sobre atores
presentes na comunidade e de outros nomes conhecidos nacionalmente, que
influenciaram a história do teatro do país;
7. Participação nos trabalhos
coletivos desenvolvendo o senso de cooperação e a responsabilidade;
8. Atuação consciente na busca
por melhor qualidade de vida na comunidade participando do processo de criação
cênica e/ou valorização de obras teatrais produzidas por educando e educadores
da escola.
Desde a Antiguidade, filósofos como Platão e
Aristóteles defendem uma educação liberal, voltada para o desenvolvimento
intelectual e físico, através de jogos que explorassem o lúdico e a arte,
preparando os alunos para a vida prática e ao mesmo tempo dando prazer. Mas
enquanto Platão defendia os recursos dos jogos e a linguagem do teatro para a
formação adulta, Aristóteles sugeria que o teatro não imitava os fatos, e sim,
as ideias abstratas, tratando a imitação como uma ação natural do homem desde a
infância.
Neste período, o teatro representava o único lazer
literário disponível para a população, constituindo-se um espaço para
representar as contradições sociais e disseminar lições morais.
Na Idade Média, o teatro consistia num recurso de
acesso à cultura para a maioria da população que era analfabeta, exercendo um
importante papel para a educação informal. Enquanto o teatro sacro ajudava o
analfabeto a compreender a fé, o teatro popular aproveitava temas censurados
pela cultura oficial para transmitir informações, críticas e denúncias, levando
à reflexão popular.
Durante o Renascimento, o teatro floresce na escola
e a arte dramática passa a contribuir com o aprendizado da linguagem,
desenvolvendo a língua materna e tornando-se uma importante ferramenta
pedagógica em várias disciplinas.
No Brasil, o teatro jesuíta torna-se um marco na
educação brasileira, onde através de encenações de textos dramáticos em versos
no ritmo popular, eram transmitidos conhecimentos, respeitando-se a
heterogeneidade da população. Depois da Reforma (século XVIII), as
apresentações teatrais evitavam a presença de personagens provocativos, pois os
risos dos expectadores denotavam senso crítico, inteligência e fantasia, o que
poderia prejudicar o exercício do poder das autoridades vigentes.
O teatro passa a ser utilizado também em
festividades e, no Período Colonial, abriga escravos para apresentações em
cerimônias cívicas. Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, o governo passa a
utilizar as escolas de acordo com os seus interesses, com aulas de latim, grego
e retórica, deixando o ensino das artes fora do currículo escolar.
Com a chegada da família real no Brasil foi criada
a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, transformada em 1820 na Academia de
Artes Plásticas. O teatro se torna lírico (ópera) e passa a ser um valor de
apreciação cultural e de entretenimento para a população.
Finalmente, entre os séculos XIX e XX surge o
Movimento chamado Educação Ativa ou Escola Nova, trazendo uma mudança de
paradigmas na educação das crianças, com uma proposta de um processo criador e
de valorização de expressões artísticas.
Esse movimento, juntamente com
outros fatores, influenciou a construção e regulamentação da nova LDB (Lei nº
9.394/96) e o documento PCN. A partir daí, ficou assegurada a presença da
disciplina Arte nas escolas. Os PCN de Arte dedicam-se à orientação das várias
linguagens artísticas na escola, estimulando a criatividade através de
propostas interdisciplinares e ressaltando a possibilidade da expressão de si
mesmo e do exercício da sociabilização por meio de atividades coletivas, especialmente
o teatro.
PROCESSO METODOLÓGICO
Para atingir os objetivos
propostos foram utilizadas diversas metodologias proporcionando uma visão ampla
e significativa sobre o tema e incentivando o aluno a participar ativamente na
construção de seu conhecimento.
* DEBATES para estimular o confronto entre o saber assistemático e o sistemático do educando acerca do teatro;
* PESQUISAS para enriquecer
os conhecimentos sobre a história do teatro e desenvolver a capacidade de
analisar criticamente obras teatrais;
* TRABALHOS EM GRUPO para
estimular a capacidade argumentativa de defender ou contrapor idéias,
respeitando opiniões diferentes;
* AULAS DE CAMPO para desenvolver
novos conhecimentos acerca de como o teatro acontece em diferentes espaços
cênicos;
* APRESENTAÇÃO TEATRAL para revelar
os talentos existentes na escola, demonstrando que esta arte pode ser uma ação
concreta e coletiva, podendo ser construída por pessoas comuns.
Para explorar plenamente o
tema foi seguido o seguinte processo metodológico com as respectivas
justificativas dos conteúdos:
* Leitura, interpretação e
produção de diferentes textos dramáticos de forma a utilizar a linguagem para
expressar idéias, sentimentos, experiências e opiniões;
* Apresentação de peça
teatral com fantoches visando utilizar a linguagem dramática com outras combinações
textuais;
* Confecção de cenários e de
efeitos especiais para a encenação de peças, valorizando os autores da obra
produzida;
* Participação no Festival
de Leitura e Artes de Bezerros que objetiva alertar a comunidade sobre a
importância de valorizar a arte e a literatura dentro e fora das escolas;
* Pesquisa sobre as
características do gênero teatral, da vida e das obras de dramaturgos nacionais
e internacionais e da influência deste tipo de texto em diferentes momentos
históricos da sociedade;
* Organização de peça teatral de forma a
valorizar a arte do educando e da comunidade na qual a escola está inserida.
RECURSOS UTILIZADOS
Para a realização deste projeto serão utilizados: livros, revistas,
jornais, textos, papel ofício, papel madeira, cartolina, tinta, pinceis,
tesoura, cola, balões, lápis de cor, hidrocor, TNT, maquiagem, data-show,
notebook, som portátil, CD e máquina fotográfica.
AVALIAÇÃO
A avaliação deste projeto será contínua, após cada etapa citada no
cronograma, tendo por finalidade principal o replanejamento do projeto,
ajustando-o de acordo com as necessidades e expectativas dos envolvidos,
oferecendo-lhes condições para superação de obstáculos e desenvolvimento do
autoconhecimento e autonomia.
A possibilidade de cada integrante do projeto desenvolver uma postura
crítica, reflexiva e construtiva acerca da produção teatral é um objetivo a ser
alcançado a longo prazo, por isso, o grupo de teatro não será encerrado ao
final do ano letivo. Pelo contrário, pretende-se mantê-lo ativo e renovado a
cada ano letivo.
II. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Walda de Andrade. Lendo e
Formando Leitores. Orientações para o Trabalho com a Literatura Infantil.
2ª ed. São Paulo, Global, 2005.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases –
LDB (Leis nº 4.024/61, nº 5.692/71 e nº 9.394/96)
________. Secretaria de Educação
Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Artes, Vol. 6. E Brasília, 2000.
________. Secretaria de Educação
Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa, Vol. 2. Brasília,
2000.
COURTNEY, Richard. Jogo, Teatro e Pensamento: As Bases
Intelectuais do Teatro na Educação. São Paulo: Perspectiva/Secretaria de
Estado de Cultura.
FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de
Toledo. Arte na Educação Escolar. São
Paulo, Cortez, 2010.
MACHADO, Maria Clara. A Aventura do Teatro & Como Fazer Teatrinho
de Bonecos. Rio de Janeiro,
Singular, 2009.
NEVES, Libéria Rodrigues. O Uso dos Jogos Teatrais na Educação:
Possibilidades diante do Fracasso Escolar. Campinas, Papirus, 2009.
PERRENOUD,
P. As Dez Novas Competências para
Ensinar. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
REVERBEL,
Olga. Jogos Teatrais na Escola. São
Paulo, Scipione, 2002.
ROGER, Marc. A Leitura de Rosto Escondido. Uma outra
maneira de ler livros infantis. Instituto EcoFuturo. La Voie des Livres e
Pingo é letra, Brasil, 2006.